5 curiosidades históricas sobre Cuiabá que pouca gente sabe

 5 curiosidades históricas sobre Cuiabá que pouca gente sabe

A história de Mato Grosso ainda é pouco conhecida por grande parte da população, mas se depender desta equipe de redação, isso vai durar pouco tempo. Por isso, trouxemos algumas curiosidades históricas que, se você cochilou durante a aula em que elas foram mencionadas, essa é a chance de saber mais sobre. Entre as cinco curiosidades mencionadas nessa publicação, teve muita gente atrás de ouro (viajantes de todo país), presidente dando “rolezinho” de carro, além de uma longa e silenciosa caçada com bala de prata. Confira!

1 – Cuiabá já foi a cidade mais populosa do Brasil

Prainha no início do século XX / Foto: Arquivo público de MT

Entre 1922 a 1926 Cuiabá passou por uma explosão populacional e teve o marco histórico conhecido como “A Febre do Ouro”. Pessoas de todos os estados brasileiros e, até fora dele, começaram a correr para os garimpos na esperança de ficarem ricos. Além de indígenas, descendentes de pessoas que foram escravizadas e, retirantes do nordeste eram maior parte dos que arriscavam a vida de forma insalubre, mas com grande chance de encontrar muitas pepitas de ouro de forma fácil e catando com a mão. Era ouro em diferentes pontos da cidade, em especial, a céu aberto na prainha e em outros pontos com rios cristalinos na cidade. Essa e outras informações sobre este período podem ser encontradas em vários livros de história regional, entre eles, no “Cuiabá de Vila a Metrópole“, disónível em bibliotecas da cidade e no Arquivo Público de Mato Grosso.

2 – A UFMT serviu de refúgio para pessoas em época de enchentes

Registros da enchente de 1974. Na foto 01 a ponte Júlio Muller prestes a transbordar. Na foto 02 moradores do extinto bairro Terceiro (hoje o terreno da Acrimat), sendo resgatados de barco. / Foto: Arquivo público de MT / Montagem: Cuiabá Tem.

Com as frequentes enchentes na capital, período em que ainda não existia alternativas para conter a água das chuvas e rios que transbordavam, muita gente ficou sem casa e teve de refugiar para bairros que fossem em localizações mais altas que as da região do Coxipó. O Rio Cuiabá atingiu 10,87 metros e pessoas que residiam no bairro Porto e proximidades, por exemplo, tiveram que acampar em localidades com da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), por longos dias, até que tivessem novas casas. A tragédia fez desaparecer os bairros ribeirinhos como o bairro Barcelos, Várzea Ana Poupino e o bairro Terceiro. Cerca de 7 mil pessoas ficaram desabrigadas. A enchente de 1974 é considerada a mais intensa de todos os tempos em Mato Grosso, porém, a de 2001 foi a que registrou mais mortes. Informações como estas estão disponíveis nos jornais da época, também disponíveis no Arquivo Público de Mato Grosso.

3 – Getúlio Vargas já andou de carro na Getúlio Vargas

Na foto 01, registro nacional de uma das viagens de Getúlio pelo Brasil – no mesmo carro que passou por MT. Na foto 02, a avenida Getúlio Vargas no ano de sua inauguração. Fotos: Arquivo Público de Mato Grosso e Museu da Imagem e Som (Misc-MT). / Montagem: Cuiabá Tem.

A década era propícia para investimentos revolucionários, como a indústria automotiva, e Getúlio Vargas viajou o Brasil entrelaçando seu nome ao de grandes políticos, como os da família Campos, pela capital. Na época, o presidente ficou hospedado na Casa dos Governadores, hoje um museu, e além do passeio de carro – que atravessou pela avenida [oficialmente inaugurada em 1943], que simbolizava o crescimento arquitetônico e comercial da cidade no sentido norte, com uma nova perspectiva de centro na cidade, ele teve compromissos oficiais. A via era também uma promessa importantes para a prosperidade e tráfego de muitos veículos, que viriam a chegar na cidade, o que se consolidou. Detalhes dessa apuração foram encontradas no artigo científico. “As Transformações Urbanas da Cidade de Cuiabá nos Últimos 40 anos” – apresentado no VII Congresso Brasileiro de Geógrafos.

4 – A igreja matriz já foi demolida e reconstruída do zero

Na imagem 01, um dos poucos registros que restaram da Igreja Matriz, na mesma semana em que foi demolida. Foto: Arquivo Público de MT / Foto recente da Matriz, após reconstrução. Foto: Secom-MT. / Montagem: Cuiabá Tem.

Os cuiabanos mais tradicionais jamais esqueceriam esse triste evento, mas que marcou a cidade. A Catedral que foi construída pouco tempo depois da fundação de Cuiabá, em 1722, estrutura barroca, e com muitos detalhes históricos – seria um dos poucos bens valiosos que registraram, junto ao nascimento da cidade, o surgimento da cuiabania. Até o ano de 1929, ela recebeu duas torres e algumas transformações em sua estrutura. Era rica em detalhes, desenhos e cores coloniais. Tratada a muitas mãos, como a de pessoas escravizadas, indígenas e artistas que atravessavam o país e dedicavam-se a sacra obra. No entanto, em 1968, foi implodida. Entre as justificativas, a “modernização” e com a chegada de novas vias e indústria, perdeu-se para novos concretos. Além dela, muitos outros casarões tiveram o mesmo rumo ou encontram-se sem restauração. A nova estrutura foi construída em 1973.

5 – Revolução Rusga e a caçada com bala de prata

Para quem gosta de história regional, mas mais do que isso, contos de vampiros, sabe que a Rusga lembra muito lendas de caça aos vilões do cinema. Isso porque, ao agir na calada da noite, após 00h da madrugada e munidos de balas de prata, Cuiabá foi tomada pelo som de cornetas e tiros de arcabuzes. A ação teve início com 80 homens brasileiros, em busca da tomada de poder dos portugueses, na data de 30 de maio de 1834. Eles partiram do Campo do Ourique, hoje, também conhecido como marco do Centro Geodésico da América do Sul, bem no coração da América Latina, que ironicamente ou não, foi onde o regionalismo pulsou – até então, para tomar o poder dos estrangeiros. Os portugueses, tais quais os vampiros, eram o alvo. A bala de prata não é ficção e foi mesmo usada segundo historiadores. Apenas dois anos após a Rusga – aconteceu a Revolução Farroupilha – que também é a mais famosa entre as guerras deste período.  Trechos dessa história estão no livro História de Mato Grosso: da Ancestralidade aos Dias Atuais, de Elizabeth Siqueira.

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