Caixinhas de Axé: projeto contemplado pela Funarte oferece vivências gratuitas
Por meio do teatro lambe lambe, obra difunde a mitologia Yorubá, presente na cultura dos terreiros, artistas de MT oferecem as vivências. Inscrições estão abertas
Estão abertas as inscrições para as vivências artísticas gratuitas que compõem a primeira etapa do projeto de renovação das ‘Caixinhas de Axé’, obra contemplada pelo Edital Retomada da Fundação Nacional de Artes (Funarte) com a nota máxima entre as propostas de teatro do Centro Oeste. O projeto lança mão de formas animadas para a difusão de mitologias de origem africana e o combate à intolerância religiosa no estado, promovendo a linguagem do teatro lambe lambe, o “teatro de caixinhas”.
Serão cinco vivências realizadas ao longo do mês de maio e início de junho, sempre aos fins de semana, em Cuiabá: modelagem em cerâmica com Paty Wolff, escultura em madeira com Hermínio Nhantumbo, estamparia com Rita Ximenes, xilogravura com Marcia Bomfim e manipulação de formas animadas com Milena Machado do coletivo Spectrolab. As inscrições seguem abertas até que sejam esgotadas as 15 vagas por vivência, por ESTE link. Qualquer pessoa interessada pode se inscrever.
As vivências fazem parte do processo criativo para a renovação e o aperfeiçoamento da obra de teatro lambe lambe ‘Caixinhas de Axé’, criada em 2020 pelo coletivo Arteiros do Axé, por meio do Edital Movimentar, da Secretaria de Esporte, Cultura e Lazer de Mato Grosso (Secel-MT). A experiência anterior possibilitou a construção dos bonecos, da dramaturgia, sonoplastia e iluminação da obra, também após uma série de oficinas com convidados.
“Agora nós queremos ampliar o leque de possibilidades estéticas para renovar as caixinhas e melhorar a qualidade do produto cultural. As vivências gratuitas e abertas ao público, além de serem parte do nosso processo de pesquisa, são também uma forma de valorizar a produção artística regional e ampliar o acesso às diversas técnicas“, explica a produtora e sonoplasta Débora Veiga, proponente do projeto.
A primeira oficina realizada pelo projeto ‘Caixinhas de Axé’ é a vivência em escultura com Hermínio Nhantumbo nos dias 04 e 05 de maio. No fim de semana seguinte, em 11 e 12 de maio, Rita Ximenes conduz a vivência em estamparia. A vivência em xilogravura com Márcia Bonfim terá encontros nos dias 18 e 19 de maio, e a vivência de modelagem em cerâmica com Paty Wolff nos dias 25 e 26 de maio.
Milena Machado encerra a série de vivências com manipulação de formas animadas nos dias 01 e 02 de junho.
Os encontros acontecem no Museu de História Natural de Mato Grosso, das 8h às 12h. Apenas a vivência em xilogravura será realizada na Casa Cuiabana, no mesmo horário.
Caixinhas de Axé
O coletivo Arteiros do Axé e o projeto ‘Caixinhas de Axé’ surgem na Tenda de Umbanda Vó Joaquina de Angola, em Cuiabá-MT, com Ana Carolina de Mello, Débora Veiga Ruiz e Xico Macedo. “Somos irmãos de Santo e fazemos teatro. Então o projeto e o coletivo nascem da vontade de combater a intolerância religiosa por meio da arte“, explica a atriz e produtora cultural Ana Carolina de Mello.
Essa também é a primeira experiência dos integrantes do coletivo com o teatro de formas animadas. “Pensamos que o teatro lambe lambe seria uma maneira de trabalhar os itans de forma lúdica, cada um de nós contribuindo com a sua expertise. A Débora como sonoplasta, o Xico como iluminador, eu na produção e, na época do edital Movimentar, também no audiovisual“, complementa.
A obra ‘Caixinhas de Axé’ é composta por três caixas, cada uma com uma dramaturgia inspirada em um itan da mitologia Yorubá: os orixás Exú, Iansã e Iemanjá, cultuados na Umbanda. Os itans da mitologia Yorubá são histórias antigas, pouco conhecidas pelos brasileiros se comparadas às histórias das mitologias greco-romanas.
Já o teatro lambe lambe é um gênero de teatro de formas animadas criado pelas nordestinas Denise de Santos e Ismine Lima, em 1989, na Bahia. “Geralmente são histórias e cenas curtas que acontecem dentro de uma caixa, o que faz referência às câmeras de fotografia antigas, onde foi criado o primeiro espetáculo do gênero. Se chama lambe lambe porque os fotógrafos lambiam as fotos para fazer a revelação. Hoje tem teatro dentro de cabaça, caixa de sapato… É possível construir estruturas de diversos tamanhos e formatos”, explica o ator e iluminador Xico Macedo.
A modalidade de teatro legitimamente brasileira se difundiu pela América do Sul e hoje está presente em diversos festivais dedicados à linguagem, ainda pouco difundida em Mato Grosso. Assim, as ‘Caixinhas de Axé’ aproximam a população das mitologias afro descendentes presentes na cultura de terreiros, proporcionando uma experiência estética diversificada com o teatro de formas animadas.
Após as vivências, o coletivo Arteiros de Axé irá se debruçar no processo de renovação das Caixinhas de Axé. Ao fim, elas serão instaladas na Tenda de Umbanda Vó Joaquina de Angola, no Centro de Cuiabá, para apresentação ao público. Lá, o espetáculo de teatro lambe lambe será realizado todas às quartas-feiras do mês de setembro.
As ‘Caixinhas de Axé’ também ficarão disponíveis para agendamento escolar nas duas primeiras segundas-feiras de setembro. O público-alvo desta etapa são crianças e adolescentes de 7 a 13 anos. “Serão dois atendimentos voltados a estudantes. Nessas visitas agendadas, além das apresentações, vamos fazer uma mediação com as crianças: vamos mostrar as caixinhas, falar um pouco sobre o teatro lambe lambe e utilizar o material produzido nas vivências para estimular a criatividade com formas animadas”, explica Ana Carolina.
O projeto pode ser acompanhado pelo Instagram @caixinhasdeaxe.
SERVIÇO
Caixinhas de Axé – Vivências artísticas
Inscrições pelo link: https://forms.gle/DCv8r4X8daVpX3J86
(15 vagas por vivência para público livre)
04 e 05/05: Vivência em Escultura com Hermínio Nhantumbo.
11 e 12 /05: Vivência em Estamparia com Rita Ximenes.
18 e 19/05: Vivência Xilogravura com Marcia Bomfim.
25 e 26/05: Vivência de Modelagem em Cerâmica com Paty Wolff.
01 e 02/06: Vivência de Manipulação de Formas Animadas com Milena Machado.
Horário: 8h às 12h
Locais: Casa Cuiabana (Vivência de Xilogravura) e Museu de História Natural de Mato Grosso (outras vivências).