Tradição de Páscoa: quem come canjica quer casar?
Segundo uma tradição cuiabana, na Sexta-feira Santa, quem comer canjica em sete casas diferentes “arruma” um marido ou uma esposa.
O alimento chegou ao Brasil na período de colonização, e se tornou comum nos quilombos e senzalas. A versão original era feita em panela de barro no fogão a lenha. Atualmente o prato ganhou mais ingredientes e é possível encontrar versões com leite condensado, amendoim e até paçoca.
A jornalista Annie Souza, de 26 anos, acompanha há anos a tradição da canjica na própria família. Ela, que cresceu no bairro Poção e depois mudou-se para o Jardim Imperial, conta que a receita passa de geração em geração e já sofreu algumas modificações.
“Desde quando eu era criança, a minha família já comemora a Páscoa e tem a tradição de comer canjica. Lembro que era a minha mãe que sempre fazia e em alguns anos nós íamos para a casa da minha madrinha pra comer a dela, que era um pouco diferente porque colocava amendoim”, conta.
Nos últimos três anos, é a irmã de Annie quem assumiu o compromisso de fazer a canjica. “Além dela ter mais paciência que minha mãe, com todo o preparo que a canjica exige, a dela fica mais docinha”, completa.
Sobre a simpatia para arrumar um marido, Annie brinca com a situação e diz que não adota essa “prática” pela quantidade de canjica que teria que comer. “Sei da tradição, na realidade nem acredito que seja uma simpatia, acho que é mais uma crença, uma brincadeira. Nunca fiz isso de comer canjica em sete casas porque não tenho estomago pra aguentar tanta canjica”, finaliza.