Memórias de Cuiabá: Locais inesquecíveis que deixaram saudade

 Memórias de Cuiabá: Locais inesquecíveis que deixaram saudade

Reprodução

Em uma viagem nostálgica pelas memórias de Cuiabá, descobrimos que certos lugares, embora não estejam mais entre nós, continuam vivos nos corações dos cuiabanos. Estes locais, que marcaram épocas e foram palcos de histórias memoráveis, hoje existem apenas nas conversas e lembranças daqueles que tiveram a sorte de conhecê-los. Inspirado por uma série de respostas que vocês enviaram no nosso Instagram, este artigo busca reavivar a memória desses espaços que, apesar de fisicamente ausentes, seguem eternamente presentes em nossa memória coletiva.

De cinemas antigos a restaurantes icônicos, convidamos você a embarcar nesta jornada nostálgica pelos locais que, se pudessem, muitos cuiabanos gostariam de ver retornar.

Restaurante Mexicano: El Pancho

Restaurante El Pancho em Cuiabá
Divulgação / Well Junior

Por anos, o El Pancho esteve localizado na famosa Praça Popular e, em sua estreia, representou uma grande novidade para os cuiabanos. O ambiente era vibrante, repleto de música e decorado ao estilo da cozinha mexicana. Durante os aniversários, os garçons lançavam as bandejas ao chão, provocando alvoroço e surpresa entre os convidados. No entanto, com o aumento do número de restaurantes e a crescente popularidade da região, o restaurante não conseguiu se manter no cenário daquela época e hoje permanece apenas na memória dos cuiabanos.

Boate Zumzum Bar Disco

Zumzum bar disco em Cuiabá
Divulgação / Mídia News

Fechada em 2014, a boate “GLS” (como muito se falava na década anterior), administrada por Menotti Griggi, foi de grande importância para o público LGBTQIAPN+. A Zumzum bar disco abraçou o público em uma época em que a aceitação pela sociedade era frequentemente malvista, muitas vezes cercada de violência e maus-tratos. Apesar de todos os desafios enfrentados pelo empreendimento, incluindo o preconceito, o espaço se manteve firme e forte por mais de 10 anos.

“Eu costumo dizer que a Zumzum, além de uma casa noturna, foi um espaço cultural onde realizamos inúmeras ações como exposições de artes plásticas e fotografias, mostras de cinema, teatro e música, mostras de danças, palestras de saúde, segurança e cidadania.
Além de apresentações de inúmeros artistas locais e nacionais.”, comentou Menotti Griggi ao Cuiabá Tem.

A Zumzum Bar Disco foi a escola das Drag Queens cuiabanas como Elza Brasil, Sarah Mitch, Leila Veronick, Lorenna Kempfer, Joyce Knowles entre tantas outras. Além de palco de muitos shows nacionais, incluindo Léo Aquilla, Rogeria, Silvetty Montylla, Alexia Twister, Thayla Bombinha, Michelly Summer e Ava Simões.

“Fomos sem dúvida um espaço que abrigou a cultura LGBTQIA+ e também pudemos proporcionar um ambiente onde o amor livre podia ser vivido sem nenhum medo. Temos orgulho de receber relatos de casais que se conheceram na Zumzum e que estão até hoje casados.”, concluiu Menotti.

Sem dúvidas a Zumzum marcou uma geração e até hoje é lembrada com muito carinho pelo público que a frequentava.

Antiga Fernando Corrêa da Costa

Reprodução Google Maps

Sim, ela ainda existe e é uma das principais avenidas de Cuiabá. Porém, antes das obras para a Copa do Mundo e da construção dos viadutos, a Avenida Fernando Corrêa da Costa – mesmo com seus problemas – era uma das mais charmosas da cidade, com muitas árvores, especialmente em seus contornos, como as proximidades do antigo Modelo e da extinta City Lar. No Natal, era encantador ver as árvores dessa região todas iluminadas. Cuiabá já foi considerada a ‘cidade verde’, título que tanto amamos e ainda temos a esperança de um dia resgatá-lo.

Yes Bananas

yes bananas cuiabá
Reprodução

Uma importante boate que funcionou no bairro Cpa 2, entre os anos 90 e 2000, com um público bastante “antenado”, que grudava o radinho na orelha e sintonizava a TV de tubo nos canais como MTV, Tv Bandeirantes e muitos outros – para saber quais eram as tendências do momento. A onda da danceteria era fazer passinhos em grupo e imitar danças do Robocop, que era também um filme que estava em evidência no momento. O Yes recebeu artistas globais e famosos de todos os tipos e a fila dava voltas no quarteirão para tentar aproveitar a concorrida e badalada noite. Os proprietários precisavam viajar para São Paulo e outras cidades grandes para buscar vinil e a cada “música nova”, apresentavam como a música que tava tocando na Europa ou “música do futuro em primeira mão”.

Metade Cheio

Metade cheio em cuiabá
Reprodução/Instagram

Como uma casa-galeria colaborativa, com frentes criativas diversas, o Metade Cheio funcionou de 2017 até 2022, e a juventude do momento pode contar com grupos de clube de livro, motivados pelo sebo Rua Antiga que tinha uma das portinhas no local, além de um café bar conduzido pelo sócio proprietário Alexandre Cervi, que também era cabeleireiro e montou seu salão no mesmo lugar. Haviam dias de exibição de filmes e séries como o reality RuPaul Drag Race, outros de cursos e musica ao vivo, também com direito a projetos de música autoral.

Sayonara

Reprodução

O Sayonara foi uma importante casa de shows que funcionou entre o final dos anos 50 até 1989. Era considerada a casa de shows mais importante do Centro Oeste e recebeu de presidente da república, a outros nomes importantes da política nacional e internacional. Além deles, atores de telenovela, grupos de música e artistas como Beth Carvalho, Alcione, Elis Regina, Martinho da Vila e muitos outros se fizeram presentes durante muitos anos de história desse importante lugar que ficava no Bairro Boa Esperança, em Cuiabá. Como foi fundada antes mesmo do Regime Militar, serviu de ponto de encontro para muitas articulações politicas, além de uma casa de prazeres e até de cerimônias religiosas. Para o período, é mesmo impressionante que tanta coisa e de tantos gêneros diferentes tenha funcionado por tanto tempo na cidade. A cultura teve sua efervescência e, sem dúvida, o Sayonara tem um importante capitulo da história Mato-grossense e, até, nacional. Há quem sinta saudade do lugar e relembre os bons tempos da brilhantina.

Choro e Serestas (Chorinho)

Reprodução/Facebook

Com três mudanças de endereço, desde 1992 ao seguir para os anos dois mil e encerrar as atividades quase trinta anos depois, o Chorinho, como foi apelidado carinhosamente pela cuiabania, teve endereços firmados no Jardim Tropical, depois no bairro Quilombo e, o terceiro e último, na área central da cidade, próximo a Av. Getúlio Vargas. Grandes nomes da música Mato-grossense passaram pela roda de samba, desde percussionista, até cantores, instrumentos de sopro e, com certeza, quem tivesse domínio do violão de sete cordas. Não podemos chamar de “lugar”, porque era uma essência sambista, que apadrinhou e impulsionou muito da cultura popular do início ao fim de sua história.

Café Cancun

Café Cancun em Cuiabá
Fotos: DJ Serginho

A franquia Café Cancun agraciou muitos lugares do Brasil com a proposta colorida, animada e cheia de drinks especiais. Em Cuiabá, a casa funcionou de 2004 a 2009, e tinha direito a mesas de jantar com cardápio especial, além de noite de pirotecnia. O povo cuiabano sempre foi muito baladeiro e, neste período, isso também não foi diferente. Em lembrança aos nostálgicos, a casa de show Malcom Pub promoveu uma festa em homenagem aqueles tempos com a proposta  “Uma noite no Café, revivendo o Café Cancún”, em 2017.  O Café Cancun recebia uma média de 14 mil pessoas por mês e também deixou muita saudade.

Cine Bandeirantes

Cine Bandeirante em Cuiabá
Reprodução

O Cine Bandeirantes foi construído na década de 60 e era localizado na Avenida Pedro Celestino. Para época, mesmo em uma capital ainda provinciana e com poucos recursos tecnológicos, o cinema tinha equipamentos de ponta e gerador de energia próprio. Segundo quem já esteve nas sessões, a acústica era perfeita. Muitas sessões de filmes passadas por todo pais e mundo, estreavam junto em Cuiabá. A última sessão foi exibida em 2001, projetando “Entrando Numa Fria”, com Robert De Niro e Ben Stiller, dirigido por Jay Roach.

Cavernas Bar

Reprodução/Facebook

O Cavernas Bar foi fundado em 29 de maio de 2004, ponto de encontro underground do Centro-Oeste, sendo também uma das referências de casas de show de rock no Brasil, recebeu na casa bandas e artistas de renome mundial como Vulcano e um dos vocalistas do Iron Maiden, Paul Di’Anno. Além deles, inúmeros artistas autorais e cores enquanto esteve com as portas abertas. Era famoso pela cerveja gelada, bom atendimento e uma decoração “trevosa”. A galera de preto que sempre ficava na porta, antes dos shows começarem, resistiu por muito tempo – mas após a pandemia, o público reduziu drasticamente e fechou definitivamente as portas em 2023.

Clube de Esquina

Reprodução

Antes localizado na Rua Marechal Deodoro, com samba, MPB, rock autoral e cover, o Clube de Esquina – movimentou muitas noites por quase 15 anos em Cuiabá. A casa inaugurou em 2005, recebeu espetáculos dos mais simples até os mais elaborados, um público animado e boêmio. Porém, fechou em 2019. Nos últimos anos, manteve apresentações fixas, mantendo um público fiel. O último show teve como atração principal Roberto Lucialdo, além de participações especiais.


Com colaboração de Mirella Duarte.